A Vida Consagrada é Profecia
“Olhar o passado com gratidão; viver o presente com paixão; e abraçar o futuro com esperança”. Motivados por estas palavras da Carta Apostólica do papa Francisco, cerca de 70 Irmãos, Leigas, Leigos e um Padre Marista percorreram os 4 dias do Seminário Nacional Marista da Vida Consagrada. Com o tema Enraizados em Jesus Cristo, para um novo começo, os participantes do Seminário refletiram sobre o lugar da Vida Consagrada Marista, para atender aos novos apelos do Instituto Marista e da Igreja.
Pensar a vida religiosa, como motiva o Ano da Vida Consagrada, e pensá-la a partir das periferias, transforma a vida dos que se colocam nessa tarefa: enxergam o mundo pelos olhos daqueles que cotidianamente vivem na expectativa de vida e esperança. Questionamentos sobre a subjetividade e os locais que a Vida Consagrada precisa ocupar foram provocadores para todos os participantes. Ações, posturas evangélicas, transparência, são elementos que o mundo clama, hoje, da Vida Consagrada, na opinião do coordenador da área de Vida Consagrada e Laicato da UMBRASIL, Ir. Natalino de Souza, 37 anos.
“O novo começo, ao qual o Instituto Marista nos chama, não é uma reforma ou nova pintura: é refundação. Quando falamos de refundação, temos que estar conscientes de que mover fundamentos não é uma tarefa fácil. Reformar, pintar, decorar, mover pessoas de lugares, são coisas que aparentemente provocam mudanças mas não vão à raiz fundacional. Refundar é voltar aos nossos fundamentos. Nós, religiosos, e os maristas, de maneira específica, temos que lembrar que nosso fundamento é a Pessoa de Jesus e é em torno dele e da Missão dele que este novo começo vai acontecer. Jovens, crianças e adolescentes continuam a buscar referências no mundo e se formos para eles referências evangélicas, que têm a missão pautada nesta opção de Jesus, estou seguro de que isso fará florescer novos começos para a Missão Marista”, afirmou Ir. Natalino.
Entre os participantes do Seminário, a diferença geracional era grande. Quase 60 anos de vida estavam entre o Irmão mais idoso e o mais jovem. Porém, as expectativas eram percebidas em ambos, com um fulgor diferenciado apenas pelo tempo de caminhada consagrada à vocação de Irmão. “Percebo, hoje, que tudo que ocorreu na minha vida foi graça de Deus. Hoje, vivo a Vida Religiosa com muito mais alegria e porque foi ela e a Congregação que me proporcionaram os meios para fazer esta caminhada de vida. A Vida Religiosa nunca foi um mar de rosas, ela sempre teve dificuldades como qualquer outra vocação. Está no roll da humanidade e, também, passa por momentos difíceis. Digo que estas dificuldades são providenciais, pois estão preparando uma nova aurora para a Vida Religiosa. O religioso não é um ser superior e não está fora do mundo, está nesta realidade, a qual deve acolher com senso crítico. A missão da vida religiosa é manifestar Deus para a humanidade, por meio de tudo o que fazemos. Vejo com muita esperança este futuro e repito, todas as dificuldades são providenciais, fabricadas para este momento e Deus está em nossa caminhada, pois nunca nos abandonou”, explicou o Ir. Carlos Wielganczuk, de 84 anos.
Talvez a Vida Consagrada não seja composta no futuro por uma grande massa de religiosos, mas, com certeza, será chamada a ser fermento, sal e luz para a humanidade. Nas palavras de Ir. Carlos Wielganczuk, não é importante o número, mas sim a qualidade. Qualidade pautada pela pertença a Deus e aos irmãos e o pelo serviço gratuito para a humanidade.
Entre os Leigos e Leigas presentes, a esperança também brilhava. “Estar junto aos irmãos é perceber, primeiramente, a transparência do ser humano. Quando vemos uma vocação transparente, verdadeira, nos fortalecemos em nossa vocação de leigos. Outra coisa que me marca muito é a horizontalidade que existe nas relações, mesmo tendo um Irmão que é gestor, a horizontalidade nos possibilita trabalhar com igualdade. Mesmo sabendo dos espaços que cada um ocupa: colaborador e gestor, Leigo e Irmão. Existe igualdade e isso nos fortalece na Missão e no chamado que somos convocados todos os dias. Quando somamos nossas forças criamos esperança”, afirmou a Leiga Raquel Pulita, de 38 anos.