Os seguidores do Caminho: Encontro Marista de Jovens Irmãos
Três bairros distintos mas com histórias semelhantes: a luta de seus povos por direitos básicos que lhes foram e ainda são negados. Direito à moradia, à saúde, à educação, ao lazer, lutas constantes para sobreviver em uma sociedade que os colocou à margem de tudo, na periferia de Porto Alegre. Nestas realidades, principalmente entre as crianças, foi que por dois dias os jovens Irmãos do Brasil Marista estiveram inseridos durante o Encontro Marista de Jovens Irmãos.
O primeiro significado que designou os cristãos foi de os seguidores do Caminho. Conduzir os jovens Irmãos para uma experiência semelhante a do Pe. Champagnat com o jovem Montagne necessitou voltar mais do que 200 anos: precisou-se deslocar o caminho para outras messes, para o Caminho que optaram os primeiros cristãos. “Minha percepção é que eles expressam que voltar a experiência Montagne é provocar deslocamento e gerar evidências. O primeiro deslocamento é o de si, o esvaziamento. O segundo deslocamento é do centro de gravidade, um sair da autorreferência ao encontro do outro. O terceiro é a de perspectiva de visão do mundo, que volta-se para a periferia. As evidências são que o mundo precisa de referências; o mundo é um lugar de belezas, mas de muitas injustiças; e que olhar o mundo com os olhos do pobre é reencontrar o olhar de Jesus, fundamento de nossa Consagração. Tudo isso foi vivido dentro de uma fraternidade, que também é testemunho para o mundo. Somos homens de Deus que provocamos comunhão”, explicou o Ir. Natalino de Souza, coordenador da área de Vida Consagrada e Laicato.
Deslocados, imersos entre aqueles que clamam por vida e esperança. Na Carta de Aparecida (2007), os bispos da América Latina afirmaram que “não podemos ficar tranquilos, em espera passiva, em nossos templos” sendo necessário passar “de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária”. Essa é a jovialidade que a vida religiosa necessita, jovens religiosos que sejam sinais entre os que mais necessitam de referências de Deus. Na Exortação Apostólica Evagelli Gaudium, papa Francisco também parece encorajar nossos jovens Irmãos e provoca toda a Igreja a seguir o Caminho, a ser luz. “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”.
Confira a seguir o depoimento de alguns Irmãos sobre o segundo dia de imersão nas comunidades e obras sociais.
– “‘Foi o tempo que dedicaste à tua rosa, que a fez tão importante.’, frase de Antoine de Saint-Exupèry, que partilho a experiência que vivi na Escola de Educação Infantil Menino Jesus, a qual a presença entre crianças, educadores e colaboradores tornaram-se evidentes testemunhos na Escola, na comunidade, na Missão Marista. Estar no meio das crianças carentes na sala de aula e abrir o coração e o abraço, sentir na carne a situação vulnerável da comunidade ao redor da escola me provocaram ao apelo da necessidade do Irmão, do religioso, do cristão estar em favor dos pobres, como senão, a presença da coordenadora Carla, que pôde andar conosco e apresentar um claro contraste entre um lado de tráfico, exploração sexual, e outro lado, um espaço de cuidado, compromisso comunitário. É perceptível como o descaso, abandono, ou que podemos chamar toda essa situação, está cercada por uma redoma de vidro, onde tudo e todos clamam por ajuda, e o corriqueiro dia a dia ainda continua a girar e fazer de tudo isso, algo isolado, indiferente do mundo. É o tempo que gastamos com nossas crianças, com os pobres, que fazemos deles tão importantes e nos tornamos jovens Irmãos, continuadores do legado de Marcelino Champagnat”. (Ir. Danilo Ferreira da Silva)
– “A experiência no Centro Social Santa Isabel, no bairro Mario Quintana, foi uma oportunidade de confirmar a atualidade e a profecia da Missão Marista no meio dos pobres. Uma missão que não é exclusividade dos Irmãos, mas de todos os leigos que abraçam conosco o trabalho de servir às crianças e aos jovens com uma pedagogia da presença, do jeito de Maria e Champagnat. Ser e estar nas periferias é uma oportunidade antiga e atual de renovar o Dom da nossa Consagração. (Ir. Paulo Soares)
– Ir ao encontro das crianças e jovens pobres, eis o apelo feito a cada um de nós Irmãos. A realidade da Escola de Educação Infantil Menino Jesus nos motiva a voltar às nossas origens enquanto Instituto Marista e a reconhecer o sentido da nossa consagração. A beleza da vida mora dentro de um sorriso sincero e de um abraço aconchegante. A experiência foi incrível e para sempre marcará minha vida. (Ir. Jader Henz)
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