Fourvière: a colina que reza
Fourvière é um bairro na cidade francesa de Lyon, especificamente é uma colina com seu ponto máximo próximo de 300 metros. É o local onde a cidade foi fundada, por volta do ano 70 a.C., pelo romanos. Etimologicamente, o nome deriva da expressão latina Forum Vetus, que literalmente significa fórum velho. Ali, na alta colina que impera sobre a planície do restante da cidade, os romanos construíram um fórum do antigo povoamento que transformou-se na moderna Lyon. É sobre o mesmo lugar em que estava este fórum que a atual Basílica Menor de Nossa Senhora de Fourvière foi erigida.
Por lá, é conhecida como a “colina que reza”. Tal apelido deveu-se a instalação de muitos conventos de diversas ordens a partir do século 16. No final do século 18, com a Revolução Francesa, muitas destes conventos deixaram de funcionar. Religiosos passaram a ser perseguidos e deixavam o país transformado em anticlerical. Bens e propriedades da Igreja foram confiscados e a educação, até então a cargo de instituições religiosas, ficou esquecida. “A cidade de Lyon estava tumultuada e confusa. Os inimigos da Igreja, aproveitando a situação crítica em que o país se encontrava e confiando que em breve iriam descartar-se da religião, como do rei em fuga das falanges vitoriosas do grande Imperador, insultavam os padres, ameaçavam-nos, perseguiam-nos.”. (Ir. João Batista in Vida de José Bento Marcelino Champagnat, p.26)
A colina milenar, que fundou a civilização na cidade de Lyon, entrava em declínio no final do século 18. É somente na segunda década do século seguinte que a colina começa, novamente, a sentir o fulgor que outrora teve. E foi lá, em 23 de julho de 1816, que alguns jovens seminaristas rumaram para concretizar uma promessa, um deles o jovem Marcelino Champagnat. A promessa seria a de fundação de uma sociedade religiosa que trabalharia para a salvação das almas por meio das missões e da educação de jovens. “Os jovens seminaristas subiram, pois, ao santuário de Maria, confiaram a seu coração maternal o piedoso intento, pedindo-lhe que o abençoasse, se fosse para a glória de seu Divino Filho. Realmente a divina Mãe abençoou-o. E, com esta bênção, a nova sociedade, nascida sob seus auspícios e no seu santuário, cresceu e viu seus filhos multiplicarem-se como as estrelas do firmamento.” (Ir. João Batista in Vida de José Bento Marcelino Champagnat, p.28)
A promessa de Fourvière, como convencionamos chamar, fará 199 anos no próximo dia 23. Quase sois séculos se passaram desde que os jovens sacerdotes, ajoelhados aos pés de Nossa Senhora, juraram construir uma grande obra missionária e educativa para tornar Jesus Cristo conhecido e amado: a Sociedade de Maria. Até 2016, quando ocorrerá o aniversário desta promessa, trilharemos sob a égide do ícone de Fourvière, contemplando “nosso futuro marista como uma comunhão de pessoas no carisma de Champagnat. Abertos à criatividade do Espírito Santo que nos pode levar, quem sabe, por caminhos inesperados”. (Carta do Superior Geral, 25 de outubro de 2014)
Hoje, na colina de Fourvière, impera a Basílica Menor de Nossa Senhora de Fourvière. Não é a mesma construção a qual Champagnat e seus companheiros visitaram naquele 23 de julho, mas conserva lá o mesmo espírito missionário que eles levaram e a mesma imagem de Nossa Senhora, para a qual ele e seus companheiros olharam firmemente ao jurar o propósito da Sociedade de Maria. Construída décadas após a morte de Champagnat, a nova Basílica sobressai a paisagem de Lyon, lembrando sempre da importância da colina para a história da cidade bem como a presença de Maria que continua reger. Para nós, Maristas, continua a ser símbolo da promessa de tornar Jesus Cristo conhecido e amado e sempre a ter nos braços de Maria nosso consolo maternal.