Educação Popular ganha destaque em mesa de diálogo na II Conae
No penúltimo dia da II Conae, além das plenárias por eixos, na parte da tarde ocorreram as Mesas de Interesse que englobaram, diversos temas. Dentre eles o Marco referencial de Educação Popular para Políticas Públicas à Politica Nacional de Educação Popular foi um dos assuntos debatidos. O assessor da UMBRASIL, professor Ricardo Mariz, foi convidado, juntamente do diretor do Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã da Secretaria Geral da Presidência da República, Silvino Heck.
A mesa foi coordenada pelo Diretor do Departamento de Estudos e Divulgação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Min. Do Trabalho e Emprego), professor Valmor Schiochet, que destacou a intersetorialidade da política e do marco regulatório da educação popular. “A educação popular tem o grande desafio de consolidar a política de participação popular. As mobilizações de junho de 2013 marcaram os questionamentos das forças sociais por mais participação. Em contrapartida, forças reacionárias estão indo às ruas para combater os processos de participação. A dureza do momento que vivemos pode levar os movimentos sociais a buscar mais unidade em torno do processo democrático e educação popular, com especial atenção às juventudes que não viveram a época das lutas por democracia. O marco é mais que pensar a educação popular: é uma forma de reflexão sobre o processo de articulação das politicas entre sociedade civil e governo”, afirmou.
Na sequência, o professor Ricardo Mariz traçou alguns cenários da educação brasileira, com destaque a três aspectos: as políticas públicas, a grande dimensão da educação no Brasil e, por fim, o volume de informação produzido. “Ao mesmo tempo que a política pública ganha o centro da cena, pode, também, estar enfraquecendo a própria efetividade. Nas últimas décadas vivemos a redução da ação política ao processo eleitoral. Nesse sentido, as políticas públicas se tornaram moeda eleitoral. Pensar educação em nosso País é pensar em 80 milhões de pessoas que estão em idade escolar. O tamanho do sistema já é um grande desafio, e isso sem contar as singularidades que há em cada estado ou região no Brasil. O cenário da educação que vivíamos nas décadas anteriores era muito mais desafiador. Há gerações, no Brasil, que estão sendo cobaias de experimentos por duas vezes: a primeira nas escolas precárias da década de 1990 e a segunda nas faculdades de qualidade questionável do nosso agora. Por fim, a nossa capacidade de produzir informação não está sendo acompanhada de capacidade de produção de conhecimento. A neurociência aponta que alguns estímulos (ouvir, falar, ler, etc) são fundamentais para gerar atenção, memorizar e produzir conhecimento. Estamos com um cérebro cheio de informações, mas sem estruturas para nos ajudar a fazer as conexões para produzir conhecimento. Não conseguimos amadurecer as estruturas sociais para produzir conhecimentos (escola, Igreja, família). Pensar o sistema nacional é repensar estruturas. Precisamos repensar as nossas organizações sociais para cumprir o papel de construir consciência, discernimento. A educação popular precisa considerar a complexidade do nosso sistema educacional e o excesso das informações”, explanou Mariz.
Em seguida, Silvino Heck destacou que chegou o tempo da consciência. O assessor da presidência destacou, citando Frei Beto, que o governo sabe que é preciso matar a fome de pão e, junto e ao mesmo tempo, saciar a sede de beleza. “O objetivo da política de educação popular é articular, fomentar, divulgar, produzir conhecimento e trocas de experiência entre práticas de educação popular desenvolvidas no âmbito das políticas públicas dos governos e da sociedade civil organizada, consolidando, a partir do respeito à autonomia. A educação popular, como política, fomenta a participação cidadã, a democratização do Estado e a superação da miséria, com um modelo de desenvolvimento com justiça social para o Brasil. Construir uma política nacional de educação popular não significa institucionalizar todas as formas de participação social e de educação popular, mas, sim, políticas e programas onde Estado e sociedade civil estão presentes”, destacou Heck.