UMBRASIL promove encontro para discutir perspectivas na área de Captação de Recursos
A União Marista do Brasil (UMBRASIL) realizou, no dia 10 de outubro, na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) em Brasília, o Encontro de Captação de Recursos. O evento, organizado pela área de Gestão da UMBRASIL, reuniu mais de 40 participantes das províncias e distrito maristas, entre outros convidados e palestrantes, que discutiram os atuais cenários nacionais e internacionais, tendências, desafios e perspectivas da área de captação de recursos. Para o coordenador da área de Gestão, Messias Pina, o encontro proporcionou dois momentos importantes: o formativo e o de partilha: “Além do cunho formativo do evento, que foi muito enriquecedor, tivemos também momentos de benchmarking, com trocas e partilhas de nossas experiências, principalmente na exposição dos cases apresentados pelas províncias”. O secretário executivo da UMBRASIL, Ir. Valdícer Civa Fachi, acolheu os participantes e falou sobre a missão marista dentro de um contexto de constantes mudanças nos cenários políticos e econômicos. “Mesmo com as dificuldades em se buscar parcerias junto às Políticas Públicas, devemos pensar sempre na captação de recursos para atender a verdadeira missão marista, que é a de estar a serviço do bem social e da solidariedade”, compartilhou Ir. Fachi.
Após o momento de oração, os participantes ouviram a consultora de captação de recursos, Fernanda Dearo, que falou sobre as tendências na captação e também deu dicas importantes para o sucesso dessa tarefa. Segundo Fernanda, o mercado tem evoluído muito, apesar dos desafios: “As organizações (ONGs) precisam entender que elas devem ser tão profissionais quanto empresas de outros setores e que precisam ser transparentes na hora de prestar contas”, ensinou. Outra receita de sucesso é o envolvimento da comunicação dos setores internos da organização no apoio dessa função. “Pesquisar o seu mercado e comunicar bem suas campanhas para os diversos públicos também faz parte do sucesso da captação”. Fernanda também citou a importância do marketing institucional e social no processo de captação. “O setor de marketing não deve apenas realizar campanhas para arrecadar fundos, mas precisa comunicar o que a organização está fazendo com os recursos e a importância dos doadores nesse processo”, opinou a palestrante.
Em seguida, o presidente da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) e gerente da Comunicação do IDIS, João Paulo Vergueiro, falou sobre o tema doações por terceiros (Pessoa Física e Jurídica). “Captar recursos é uma ação mundial, é ir atrás de doação em dinheiro, pedir mesmo, porque existe no Brasil uma capacidade enorme de doação e precisamos conhecer esse cenário por inteiro”, justificou. Vergueiro citou o exemplo dos Estados Unidos, que doam mais de 316 bilhões de dólares por ano, sendo que 72% desse total são doados por pessoas físicas, 15% por fundações, 7% a partir de herança e 6% por empresas. Desse total, 32% são direcionados a organizações religiosas. No Brasil, segundo dados da FASFIL de 2010, existem quase 300 mil ONGs e um “mercado” total de doações na ordem de 5 bilhões. Atualmente 24 % dos brasileiros doam. “Nós da ABCR temos uma percepção de que as organizações pedem pouco, pois segundo a pesquisa, somente 15% das pessoas físicas disseram já ter sido abordadas por captadores, isso é muito pouco! Eu acredito que devemos criar o hábito de pedir mais”, opinou Vergueiro. Para ele, o captador deve ser um profissional generalista e tem de saber lidar com marketing, leis, comunicação, gestão, RH, contabilidade, ou seja, saber de tudo um pouco. O palestrante também deu dicas importantes sobre técnicas de como captar recursos e onde encontrar oportunidades. “Vale a pena investir em capacitação profissionalizada, pois isso irá garantir a sustentabilidade de sua organização”, concluiu Vergueiro.
A terceira palestra foi proferida pela gerente de relações institucionais do Grupo Marista, Arlete Dias, e pela assessora parlamentar nas áreas de orçamento público federal e de articulação com movimentos sociais para elaboração e acompanhamento de projetos legislativos no Senado, Mariana Salles. Arlete falou sobre os cenários políticos, sociais, econômicos do novo marco regulatório e seus impactos na área de captação de recursos e relembrou ainda que o Grupo Marista vem contribuindo muito para aprimorar a legislação, principalmente as que regulam o funcionamento de setores, nos quais entidades privadas prestam serviços de utilidade pública, como a assistência social promovida pelas entidades religiosas. Um dos resultados dessa ação compôs o escopo da MP 620, que contemplou também adequações para entidades filantrópicas e que está agora em processo de sanção presidencial. “Questões como a remuneração dos dirigentes, regras para a educação básica e superior, assistencialismo social e facilidades nas certificações das entidades beneficentes e filantrópicas foram longamente debatidas por nossos grupos de trabalhos e finalmente acolhidas pelo MEC e pelo legislativo”, relembrou Arlete.
A assessora parlamentar Mariana Salles, por sua vez, falou sobre o Projeto de Lei nº 649 de 2011, que trata de um regime jurídico único entre Estado e Sociedade Civil (entidades sem fins lucrativos), de autoria do senador Aloysio Nunes e que foi recentemente aprovado na forma do substitutivo do relator Rodrigo Rollemberg, na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado (CMA). Rollemberg sugeriu regras para dois tipos de “acordos de vontades”: o termo de colaboração e o termo de fomento. O primeiro é o instrumento para formalizar parcerias propostas pelo poder público. Já o segundo prevê parcerias propostas pelas organizações da sociedade civil. Com as novas regras contidas na legislação em discussão, ao estabelecer parcerias com o Estado, as organizações da sociedade civil deverão utilizar regulamento de compras e contratações, aprovado pelo ente público com o qual se pretende a parceria. “Essa é uma inovação importante, que confere maior liberdade, mas também aumenta a responsabilidade das entidades na contratação de bens e serviços necessários para execução da parceria”, opinou Mariana. Para a assessora é fundamental que a sociedade civil se organize e continue a pressionar as decisões governamentais. “Existem outras leis tramitando no Congresso, como o PL 3877 de 2004 que dispõe sobre o registro, fiscalização e controle das ONGs, por isso a participação da sociedade civil organizada é tão importante para que se faça uma legislação eficiente e que atenda sua causa principal”, concluiu a assessora, que finalizou sua exposição agradecendo à UMBRASIL em nome do senador Rodrigo Rollemberg pelo convite.
Além das palestras, três cases de sucesso foram apresentados por representantes das Províncias Maristas, tais como: o Projeto Centro Social Marista de Formação Tecnológica, da Província Marista do Rio Grande do Sul; o Imposto de Renda Solidário, do Grupo Marista; e o Projeto de Captação de Recursos como estratégia na construção de Políticas Públicas de Economia Solidária, da Província Marista Brasil Centro Norte.
De acordo com o coordenador da área de Gestão da UMBRASIL, Messias Pina, importantes reflexões resultaram desse encontro. Uma delas é a possibilidade de olhar para dentro do universo marista como um todo e gerar novas possibilidades para captação de recursos internos. “Somos hoje quase 30 mil colaboradores, podemos pensar em projetos que motivem e incentivem esses profissionais, que já entendem e abraçam a missão marista, a doar, por que não?”, sugeriu o coordenador da área de Gestão da UMBRASIL.